sexta-feira, 16 de março de 2007

lendo o debate interno e solitário em que se enreda o sr. B., de paul auter, sou levado a tentar entender o que me aconteceu hoje, acordado desde as sete e meia da manhã e ainda agora, 16,30 h. preso em casa, sem ter tomado banho nem ido almoçar nem trabalhar. aconteceu alguma coisa além do sonho estranho que me fez dormitar por todo esse tempo, um sono que não se completou, apenas que me jogou na cama eventualmente, que desorganizou o meu dia.

tento ver pelo lado bom, como aquela fugida que a gente dá saudavelmente, a gazeta num dia de trabalho normal, sonho recôndito de qualquer pessoa normal, mas não é só isso, tem alguma coisa a mais, incrustrada ali, ao mesmo tempo escondida sob uma máscara, um disfarce que não permite uma avaliação clara do que ocorre.

venho até o computador na esperança de encontrar alguém que tenha entrado na rede também fora do horário como que a me mostrar que não sou o único, que isso é normal, mas não, não encontro ninguém. depois penso nas pessoas do meu trabalho, o que houve com elas que não me procuraram? como num acordo tácito em que resolveram me permitir esse dia, sem me incomodar.

tudo muito normal, mas muito estranho... por que? por que tudo isso?
se eu tivesse usado o tempo para desenvolver um outro trabalho ou para me distrair com uma leitura atrasada ou ainda se tivesse ficado despreocupado vendo uma televisão como a criança que cabula a aula.... mas nada. não fiz nada. nem sequer posso dizer que coloquei 'o sono em dia'. não. dormitei um pouquinho, acordando à cada dez minutos, olhando a hora, perguntando-me se não iria sair, o que estava pretendendo... pensamentos que não chegaram a uma resposta, que não tiveram eco em nenhuma parte dos meus compartimentos...

não me sinto nem descansado, nem feliz, nem à vontade com o meu dia. foi como um nada absoluto, um espasmo no tempo, criando uma bolha, uma espécie de falha no sistema, que nada acrescenta nem se justifica. nem mesmo um deja vú. nada.

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