quinta-feira, 29 de março de 2007



o que eu digo é o seguinte: esses espaços, esses blogs e outros meios não são o que parecem. quando eu escrevo que eu fui, não estou dizendo que realmente eu fui. estou exercendo a dramaturgia do ir. quando eu transformo sentimentos em palavras, estou fazendo ficção (barata). a internet inteira não é nada mais do que uma biblioteca de alexandria contemporânea. ou moderna. ou do século XXI. só. é preciso entender que o homem traz em si o signo da arte da dramaturgia. é só perceber que possíveis rugidos, esgares e a tentativa de movimentar-se sobre apenas duas pernas dos homens antigos, pré-históricos mesmo, já traziam em si os mesmos movimentos do balé clássico. a marca deixada por uma porrada na parede com uma pedra é a mesma coisa que a obra completa de dostoiévsky.

o homem ter a vaga lembrança de que o fogo queima é o PhD em História e a trapada animalesca para a reprodução é a história da Comédia Humana. imagino que essa condição da gente conviver com os outros, trabalhar, amar, odiar, acasalar, ser ermitão... enfim, tudo é o exercício do homem em se reinventar, trocar de cenário, de máscara, até de personagem. escrever e reescrever indefinidamente scripts que vai decorando e esquecendo. sendo aplaudido e vaiado por outros atores da mesma comédia que interpretam o papel de 'outros'. imagino que viver seja belo exatamente porque subimos na ribalta e seguimos até cair o pano final.

só pra introduzir isso, sabe? tudo o que está escrito aqui é resultado do gene da criação humana. nada mais! imagino que a matéria que nos faz sofrer (ou reagir ao sentimento que denominamos 'sofrer') é a condição de ser bom ou mau ator, bom ou mau escritor. a simples e bela farsa da vida é breve. não rir, chorar e aplaudir é negar a essência do mundo. fiquemos assim definitivamente. tudo o que está escrito é ficção. tudo é entre aspas.

"dia a dia vou me convencendo mais e mais que a madrugada não é para dormir e sim para refletir. deve ser. em mim, é. o engano é acreditar que a reflexão, por si só, é boa. nem sempre. a madrugada é para mim, a reafirmação do adeus. por qualquer defeito cognitivo ou impulso a não aceitar as verdades de pronto, postergando sua aceitação por um cacoete emocional, como um instinto de proteção falso, me condiciono à sua aceitação depois. sempre depois, sempre mair tarde. até o momento em que argumentação derrapa, na madrugada, quando armentar com o teto seria assumir uma catatonia às avessas. nessa hora, sento na cama e a verdade entra, cai como uma rocha. quando uma relação se desgasta ao ponto de entrar no insidioso campo da argumentação, no terreno em que é preciso se auto-explicar, está, automáticamente, finalizada. é uma coisa simples. não entender de pronto, é complicar o que é simples por natureza.
brincadeira à parte, o que tenho é o diagnóstico (feito por mim mesmo) errado: a insônia não é por uma certa ansiedade patológica e sim pela negação das coisas, por não digeri-las quando aparecem, durante o dia.

ali sentadinho, olhando para o desenho irregular do chão, com olheiras profundas e um enorme cansaço, tenho a clareza da infância: tornei tudo tão racionalizado que ela precisou dizer que de uma certa maneira anterior não aceitará mais, seguindo um script tolo por prolixo e escrito por mim mesmo como forma de verbalizar transversalmente o que que é indizível: o fim. a grande dignidade da morte é exatamente o seu silêncio, a irrelevância das palavras em um morto.

eu tenho muita febre e gozo muito. estranha mistura. queimo. por dentro e por fora. sou e estou aqui. provisoriamente quieto, mas não fui. só quando morrer. beijos"

quarta-feira, 28 de março de 2007

O meu amor e a sociedade em rede

tem essa coisa muito bacana das pessoas que gostam realmente de mim e perguntam porque estou escrevendo menos. eu fico pensando.... caramba! são tantos motivos... claro que tem o fórum pra discussão de novas tecnologias do yahoo, tem o compromisso assumido com o pessoal da wikipédia, mas isso é parte da coisa.
tenho me sentido na obrigação de usar meus cadernos manuscritos, minhas idéias gerais no word por conta de uma certa instabilidade que minha inconsistência psicológica pode disseminar na rede. claro que não me pretendo nenhum furacão, nenhuma explosão de novas idéias nem nada parecido. seria patético. areia demais para o meu caminhão...rs.
por outro lado, acontece que eu tenho tido comprovações mais do que freqüentes (que até me surpreendem!) de que uma certa freqüência de opiniões disseminadas no menos lido dos blogs, por exemplo, podem, pouco à pouco, gerar, se por um lado elogios daqueles mais distantes, uma angústia inexplicável nos mais presentes.

realmente não falo de nenhuma pessoa em particular, mas de um grupo, uma pequena tribo que, bombardeada regularmente por um meio efêmero como a internet, pode se influenciar não pelo que esse conteúdo tem de bom, engraçado e despretencioso, mas por uma certa amargura que, fugindo ao meu controle, se espalha como pandemia pela facilidade de acesso. uma pessoa mais, por questões eminentente circunstanciais, outra nem tanto, muitas vezes por tentar agregar à si mesmas opiniões outras... enfim, trata-se de um meio extremamente sensível esse que, mesmo não percebido, é a sociedade em rede.

falando assim, cheira muito a pretensão, idéia absurda no nascedouro, de que uma determinada opinião particular ou linha de raciocínio possa, da mais remota forma, influenciar alguém. não é nada disso. muito longe disso. trata-se apenas de imaginar possibilidades. por ser tão novo, o meio virtual não tem nenhuma regra e muito menos nenhuma pesquisa consistente que indique esse ou aquele resultado. não tem! existem pesquisas sim, mas elas ainda são vagas, não se sustentam. o que temos, são teóricos, eventualmente bem intecionados, dissertando sobre alguma coisa próxima da invenção da roda. eu não estou entre eles. sou matérial banal a ser pesquisada.

escrevo agora algo muito propício à má interpretação. a se considerar que estou dizendo que, de alguma maneira, interfiro nas pessoas. não é isso! por favor! antes, penso não exatamente no que escrevo, mas na massa de escritos que vagueiam no espaço virtual e formam uma espécie de inconsciente coletivo. antes de mais nada, eu não sou eu, eu sou coletivo. exatamente por ser coletivo, ouso propor um pensamento sobre a individualidade extrema que, somada ao todo, pode, eventualmente, ter voz. pode ser que sim e pode ser que não. estou apenas pensando alto.

só que, através de textos, áudios ou imagens, pensar alto na internet, na sociedade em rede, representa, antes de mais nada, agregar informações, ensejar análises, repensar o 'cada um'... às vezes, delirante, imagino que jung atirou no que viu, mas acertou no que não viu. ou seja: a idéia de inconsciente coletivo me parece perfeita, mas deslocada no tempo e no espaço. eu ousaria até a propor um pensamento de que a idéia de inconsciente coletivo é perfeita, mas ela só veio a se dar de fato, agora, só encontrou berço e humanidade numa sociedade em rede.

claro que tudo o que escrevo é à princípio leviano, não por má fé, mas por tratar de terreno de especulações e hipóteses, jamais em constatações estatísticas de realidade (outra coisa a se repensar). mas tenho que usar algum parâmetro e o que tenho ao alcance é o da estatística presencial. esse, aqui na internet realmente, acredito, ninguém ainda domina totalmente. atento apenas para o paradoxo de um pensamento , que trata de de um inconsciente coletivo, numa sociedade em rede e, portanto, virtual. afinal, o que seria um inconsciente coletivo separado do conceito (tão propício) da virtualidade?

Minhas limitações


Tem uma coisa estranha na maneira como nos relacionamos com o outro na proposta do debate. Embora inúmeras vezes eu esteja errado, escreva ou diga coisas que são, de alguma forma incorreta, tenho o hábito de provocar debate em todas as minhas relações humanas. Na maioria das vezes, deve soar como provocação ou mesmo um certo pedantismo desamparado em estudos mais aprofundados. Com certeza é assim. Certamente, a raiz desse hábito está num certo desconforto emocional ou psicológico que me catapulta, aperentemente de forma gratuita, contra o outro. Acredito ainda que meu terapeuta não dê conta dessa questão, até porque, preso de ansiedades outras e mais urgentes, não trago o assunto para as sessões.

Sou ainda refém de uma situação que acaba se tornando grave porque na maioria absoluta dos casos, minha ânsia de debater é desconsiderada pelo outro, o que me causa angústia e, principalmente, frustração. O que venho percebendo com o passar do tempo é que, por ser um movimento meu, fica natural que eu sofra a conseqüência do desprezo que o outro possa demonstrar pelo que, incomodamente, propus. Acontece também, e mais amiúde, a constatação natural de que não consigo realizar o debate de idéias por dois motivos: o outro não tem condição intelectual de aceitar ou sequer perceber a minha proposta. O outro motivo é contrário ao primeiro: o outro tem uma capacidade intelectual e acadêmica muito superior à minha e, por minha ignorância, naturalmente desconsidera a proposta do debate.

Isso acontece em várias situações, em vários momentos. Pode acontecer em qualquer dia ou qualquer hora. É um cacoete meu. Talvez eu busque na saudável discussão e troca idéias compensar um outro lado meu, insipiente e frágil que se traduz no isolamento pessoal, na falta de preparo intelectual e outras coisas que devem rolar inconscientemente. E, ainda, em algumas ocasiões, minha provocação para a discussão termina num mal estar ou mesmo uma briga, certamente porque não sei colocar meus anseios de uma forma compreensível na sua verdadeira essência, que é apenas o desejo da discussão de idéias.

Isso acontece em quase todos os dias, com as mais variadas pessoas. Escolho como exemplo então, uma troca de mensagens instantâneas na internet, ontem à noite. À propósito de um texto que escrevi em outro espaço, sobre meios de comunicação públicos, B., valorizando o que escrevi e como forma de simples diálogo, sem nenhuma intenção maior, me disse que, também como eu, existe na universidade um grupo de pessoas fazendo um trabalho interessante nessa área. Era para eu registrar a informação e dar prosseguimento a um diálogo mais ameno, próprio das conversas na internet.

Pelo tal cacoete neurótico, eu respondi que esse trabalho deveria ser feito fora da universidade. Que a sociedade, através de impostos, mantém universidades públicas para formarem acadêmicos que têm a obrigação de retribuir à mesma sociedade trazendo para esta a popularização do saber acadêmico. Que é inadmissível um debate entre acadêmicos dentro das universidades porque essa discussão intra-muros se resume a uma troca de idéias e saberes entre um mesmo número de reduzidos doutores, sem reflexo objetivo para a população que não tem acesso a essa mesma universidade.

Como, no meu texto, eu tratava de comunicação, citei na conversa (tentativa frustrada de discussão) o exemplo mais óbvio como o do Chacrinha que, sem jamais ter pisado o chão de uma universidade, através do seu trabalho exaustivo iniciado na rádio e o seu feeling e frenética busca e experimentação na televisão, conquistou uma capacidade surpreendente de comunicador de massa, criando mesmo um trabalho solitário, mas único, revolucionando o conceito de comunicação moderna. Que não se pode esperar de cada intelectual, um descobridor, porque trata-se de matéria inerente à pessoa e à formação, mas deve-se esperar sim que cada intelectual coloque-se à serviço da sociedade, promovento sempre o debate público que, pela discussão em si, cria a possibilidade de formar opiniões na população, afastando-a do imobilismo próprio da ignorância.

B. leu o que eu escrevi e, certamente por não reconhecer em mim formação adequada para essa discussão, gentilmente mudou de assunto, contando-me animada, do encontro entre amigos que proporcionarão a ela um jantar. Depois, cerimoniosamente, despediu-se e saiu. Eu fui cuidar das minhas coisas, mas aquele momento, aquela atitude delicada e correta, calou forte no meu espírito e comecei a pensar então, porquê a coisa tinha tomado aquele caminho. Foi à partir dessa minha análise que concluí o que estou dizendo: minha necessidade de discutir as coisas não é realmente natural nem aceitável (em mim), sendo, isso sim, um cacoete neurótico. Sabendo disso, cabe daqui para a frente, me policiar mais para evitar situações constrangedoras aos meus interlocutores.

terça-feira, 27 de março de 2007

segunda-feira, 26 de março de 2007

errando sempre

B. leu antes do tempo e não consegui desenvolver o que eu estava pensando: era assim... muitas pessoas me escrevem e gostam de me chamar pelo nome, saberem que se trata de uma pessoa de verdade. claro que todos os textos são escritos por pessoas de verdade. mas é uma inversão. tenho amigas que trocaram definitivamente de nome. escritoras, deixaram de ser elas para serem estas. é uma opção. devem estar certas. de qualquer maneira, por um tempo (porque tudo é por um tempo), vou seguir o caminho contrário. se não gostar, volto tudo como era antes. pode ser também uma tentativa de me auto-afirmar. Se for, será apenas mais uma porque eu faço isso desde que nasci e até agora parece que a coisa não funcionou.
eu sou dessas pessoinhas que fazem tudo para chamar a atenção, mesmo quando parece aos outros o contrário. sempre foi assim. a opção pelo blog aberto à leitura de todos não deixa de ser uma forma de exibicionismo. todo mundo que escreve num blog ou numa home page está se exibindo. se não fose, escreveria no word. mas é normal: temos essa necessidade avassaladora dos quinze minutos de fama. e o pior é que funciona mesmo rs.
antes, quando eu escrevi que ia casar com a caixa do super mercado ou a empacotadeira das casas bahia (em homenagem aos mamonas assassinas) ou a garçonete da pensão eu estava só fazendo um exercício de exibicionismo porque elas não me satisfazem, como não me satisfez a médica, não me satisfez a física, não me satisfez a psicanalista, nem a erdutita nem a hippie. de onde conclue-se o mais do que óbvio: a insatisfação está em mim e não nas pessoas que rolam. a diferença é que as pessoas podem ir indo embora ou eu trocando, enquanto que não posso me trocar nem ir embora de mim mesmo. com isso, perde quem me conhece. fazer o quê?
o que eu faço é tentar proteger as pessoas contando o máximo de mim no menor tempo possível. espero assim minimizar estragos, deixar todo mundo bem por dentro do que está rolando e do que vai rolar. mesmo eu fazendo tudo isso, sempre fica um mal estar. porque as coisas são engraçadas: se a gente não fala dos problemas e o outro descobre com o tempo, ele se sente frustrado por ter sido enganado. se a gente escancara e conta logo tudo e procura ficar o mais distante possível também dá rolo porque a pessoa não acredita que a gente possa ser tão danoso assim e se sente mal por estar sendo evitada ou ainda, em sua fantasia, por não estar conseguindo me fazer sair de uma decisão radical e imutável de não sair. ou seja: certo estava walden que foi viver na floresta. estar em sociedade é errar do princípio ao fim. e isso me cansa...

domingo, 25 de março de 2007

estou impedido por ela de dizer o que penso. ela, brincando diz que sou chato e coloca o 'rs', sigla que pode representar muitas coisas do lado. assim, me calo e converso um pouco com a doutora em física. por incrível que pareça, ela é mais acessível pra mim ( talvez porque tenha privado da sua intimidade). ana é uma doutora só lá, no papel... B. é um doutora em tempo integral. como não sou doutor em nada, é mais difícil pra mim. ana era uma menina de jeans e camiseta que andava pa cima e pra baixo comigo e me fazia rir muito quando botava uma máscara verde na hora de dormir. ria também quando ela entava fazer uma pintura moderna no nosso armário, tornando-o uma peça vulgaróide que minha mãe guarda hoje com carinho. tinha o negócio do acelerador de partículas que me fazia rir muito, principalmente quando ela não conseguia traduzir da Física para mim. aos poucos fui afastando ela de mim e hoje nos falamos eventualmente no MSN, quando não a deixo bloqueada por meses. conheci sua família em petrópolis e eles ficaram na nossa casa da rua santa clara. ana foi uma forte possibilidade. acho que a academia nos afastou. não. o que nos afastou foi ela não saber lidar direito com a academia.
começo a acreditar que a academia pode afastar as pessoas de mim. por isso vou investir na garçonete do bar. talvez eu necessite de gente boçal do meu lado. não é bem isso. é que as mulheres casam com a academia e tornam-se insuportáveis. elas não têm noção, mas é exatamente isso que acontece. fico imaginando sobre o que dois PhDs conversam. deve ser muito chato. da minha parte, sei que estou fora, que não dá pra mim, que sou outra coisa. o que eu gosto é de conversar, de falar das minhas idéias malucas. a ana ria muito com elas e a gente acaba se divertindo um bocado. a academia foi uma praga na vida dela. daqui a pouco ela vai fazer 40 anos e está sozinha. e vai ficar. perguntou se eu queria casar com ela e eu disse que não. não daria certo. só pode dar certo uma outra coisa... uma vez casei com uma mulher humilde intectualmente e me separei dela por causa disso: eu não aguentava a ignorância dela. já as doutoras são específicas demais, não vão das pernas nas outras coisas.
talvez uma passista branca de escola de samba... talvez uma auxiliar de enfermagem ou uma estudante do segundo grau... tenho que ver isso correndo, antes de morrer.

arrogância social


a manhã trás em si uma sensação enorme de solidão. é mais ou menos como se você estivesse sozinho no mundo. não tem com quem conversar, sabe que todo mundo tá dormindo ou que as pessoas foram para as sua atividades. fico pensando que seria necessário mesmo eu me envolver em atividades, ainda que contra a minha vontade, ínica forma de me ver inserido num mundo que abandona realmente quem pede para ser abandonado. porque é contraditório assim: eu peço para ser abandonado o que é muito diferente de querer de fato de ser abandonado. é um processo estranho, uma espécie de suicídio para chamar a atenção. da mesma maneira em que corto os pulsos, mostro às pessoas aquele sangue escorrendo para que todos se preocupem e tentem fazer alguma coisa. as mais descoladas nem fazem mais nada, sentindo no fundo, um certo prazer em me ver ali, pedindo para ser olhado, prazer em constatar que estou pagando caro o preço da minha arrogância social. porque eu descobri isso acho que ontem ou nessa madrugada, não sei: o que eu tenho não é o definido pela terapeuta como fobia social e sim uma arrogância social ao impor e mostrar que realmente quero estar sozinho. e quero mesmo! o fato de, posteriormente, essa solidão vir a doer não altera a vontade primeira de estar afastado. é uma espécie de embate do que eu chamo de preto/branco, deus/diabo, homem/mulher.
são faces da mesma moeda eu, moeda de ppuco valor que termina sempre se encharcando de cachaça ou barbitúricos para suportar a vida que eu mesmo crio. do ponto de vista um pouco mais psicanalítico é que pode se falar numa espécie de suicídio assistido, enquanto um psiquiatra porta de hospício diria que é uma neurose com atitudes camufladas (não é esse o termo) de uma psicose histérica, aquela em que o camarada se expõe e chama a atenção sobre si mesmo, na sua maneira destrutiva de ver as coisas.
é preciso usar o álcool como estimulante, para desinibir e depois levar a um sono confuso
(depois eu explico)

segunda-feira, 19 de março de 2007

essa história que falei aí embaixo sobre o grito primal me faz bem lembrar do período conturbado em que vivi com helena, uma vida levada a extremos por todo o tempo, tornando-se infinitamente mais desgastante do que prazeirosa.
foi a época em que comecei a perceber o movimento da gestalt terapia, do grito primal e do autor que elegi como referência: carl rogers, um terapeuta americano que propunha experimentos absurdos, desconstruindo de forma medíocre os alicerces da psicologia.

ele era o que tinha de pior e foi justo ele que me chamou atenção. foi dele que eu li a maior quantidade de livros e fui a mior número de palestras (de seus seguidores por esse lado dos trópicos). é, no mínimo, risível o tempo que perdi com carl rogers, quanta coisa interessante deixei de fazer, sentado num barzinho onde eu tinha mesa cativa e sorvia vodka com gelo e lia aquela psicologia barata que se dizia contemporânea. daquele tempo, herdei apenas uma pancreatite que quase deu cabo de mim.

não sei se temos que encontrar porquês em todas as coisas, me parece que não, mas vá lá: naquele período eu tratava com um médico psiquiatra (filho e irmão de psiquiatras) em início de carreira que me atendia num lúgubre consultóriozinho dentro de um hospício porque ele ainda não tinha se estabelecido no campo ambulatorial, trabalhando 90% do seu tempo em intermináveis plantões em hospitais psiquiátricos.

esse mesmo médico, de quem me separei há apenas 18 meses, não é inteligente nem brilhante e sua cultura geral é igual a zero. de forma transversa, foi exatamente a sua condição cultural inferior que me empurrou para as livrarias, para o que se falava de novo na américa, na união soviética e na frança. naqueles profissionais eu bebia um possível saber que, ainda que frágil por sua inconsistência teórica e falta de experiência prática comprovada, era alguma coisa de novo, alguma coisa realmente pensada, até mesmo intelectualizada (para os tristes padrões da época).

assim, criei, autodidaticamente, uma 'formação' psicanalítica, que eu contrapunha à incapacidade de argmentação razoável do meu médico. tenho certeza de que, por absoluta ignorância do que eu falava, ele deve ter ouvido de mim exposições e técnicas que devem ter soado como algum tipo de alucinação desconhecida. hoje em dia, olhando em retrospecto, tenho um pouco de pena dele. acho que sou uma pessoa bem mais resolvida do que ele. e sem a sua cooperação!

domingo, 18 de março de 2007

Método

o final de um dia trás em si o consolo não da missão cumprida porque seria a redenção última, mas a perspectiva de olhar para trás e ver que não fiz nada, que abusei do Paidéia e suas histórias mal costuradas. talvez restasse abrir um novo espaço e não divulgá-lo rapidamente para perceber se as pessoas vão daqui pra lá e vice e versa ou não, se buscam essa experiência rala de repousarem sobre um nada escrito virtualmente, distante de verdades, teses ou idéias. Daí pode surgir um grito primal. Ou não.

se minha alma é um oceano de cachaça como plagiei aqui um dia deses, então eu posso ir me reproduzindo de forma atabalhoada, sem lógica, sem assunto, pulverizando uma frase em cada sítio de maneira com que um leitor mediano desistisse de seguir um encadeamento lógico de uma prioposta de raciocínio, não por preguiça mental, mas por descaso com quem, sem ter o que fazer, vai se reproduzindo indefinidamente, numa prova absoluta de inconsistência psicológica, moral e de método.

Método. Esa é a palavra chave, a palvra que persigo diuturnamente, que procuro em vários dicionários de português e de outras línguas. Método, me parece, é a alternativa possível para dar continuidade à vida sem que as encruzilhadas possíveis desviem a proposta que apresentamos aos outros. porque não podemos perder de vista que é isso o que fazemos aqui: apresentamos propostas. e na verdade, o que está qui é reflexo, é espelho, de cada passo que damos na vida.

sem método.

foi embora


o ser humano, por ser isso, cria expectativas. primeiro eu achei que não gostava de criar nenhuma expectativa: estava mentindo para mim mesmo. gosto sim. ao mesmo tempo, criada a expectativa, ela me incomoda, me põe de encontro a uma parede branca e fria, uma parede caiada de qualquer jeito, dessas que se fazem apenas para que ela existe sem lhe conferir utilidade.

dia desses eu tive uma conversa com uma menina sobre a expectativa da parede. o que eu estava fazendo na verdade, era um jogo. queria ver até onde uma menina suportaria imaginar que ela e todos nós, somos paredes frias, caiadas de branco, não uma das quatro paredes que sustentam e viabilizam as casas, mas tão somente uma parede, levantada do nada e que divide o nada do coisa nenhuma.

a menina ajeitou os óculos e respondeu que sim, que a possibilidade de bilhões de paredes caiadas de branco podem ser o espelho do óbvio cemitério, suas lápides e gavetões. respondi que não, que ela estava errada, que esse era um raciocínio simplista, tolinho, sem amparo intelectual. ela fixou os olhos em mim e respondeu que eu estava blefando, que não tinha idéia melhor para me sair de uma proposta descabida que eu mesmo criei.

perguntei então se ela conseguiria ler um denso livro, caudaloso em sua 897 páginas. ela, irritada, se apressou em dizer que sim, que já lera um sem número de livros assim, que eu a substimava ou tentava, mas que estava perdendo o meu tempo. que eu não passava de um provocador. pedi desculpas e acrescentei que minha pergunta era se ela tinha lido o tal livro de 897 páginas em branco, sem um único caracter em nenhuma das páginas.

ela apagou seu cigarro e me olhou desafiadoramente, perguntando-me se achava alguma coisa de mais em imaginas um mundo com 7 bilhões de paredes caidas de branco, sem funcionalidade cada uma delas... se tinha prazer na erudição dos livros de folhas em branco e, para completar, se eu não achava também que talvez deus fosse mais perfeito se criasse mulheres sem clitóris.

ela me olhava desafiadoramente. baixei os olhos. respondi que, em contraposição com tantas folhas e paredes brancas, existiam povos de pele negra que eram deuses em si mesmos, corrigindo uma falha metafísica, extirpando zelosamente um a um os clitóris de todas as fêmeas que nasciam em seus territórios. ela disse que conhecia essa prática de alguns povos africanos e que a minha conversa toda tinha uma conotação racista, lembrando que, meses antes, eu dissera que a áfrica seria irrelevante.

sem controle sobre o diálogo, ela me disse para finalizar que eu era apenas um doente, que utilizava pessoas e palavras para colocar em prática jogos baratos e sem finalidade, que eu queria chamar a atenção para a minha própria figura que era, em suma, triste e patética. disse ainda que eu era um arremedo, uma tentativa de mostraruma falência psicológica de maneira excêntrica, mas que resvalava numa pobreza abissal de raciocínio lúdico.

ela foi embora.

sábado, 17 de março de 2007

meu sono continua agitado como o de um guerrilheiro que descansa sob uma jaboticabeira... com o tempo, meu organismo aprendeu a estar atento, com o sono extremamente leve, ainda que induzido por pesados soníferos. qualquer coisa é capaz de me despertar. isso é bom e ruim.

acho que é melhor do que pior. afinal, qual a necessidade de ter um sono muito pesado? não vejo. por outro lado, fico imaginando se não estou alerta demais todo o tempo, gerando um descanso menos completo?... mas descansar de quê? isso: do quê exatamente descansamos? das horas em vigília? de uma leitura? de um dia de trabalho?

ora, essas são as coisas da vida, todas as vidas, de uma forma ou de outra, são mais ou menos compostas das mesmas coisas, necessidades, anseios, buscas, fé, expectativa pelo amanhã inalcansável. principalmente por esse último: o amanhã... o amanhã me parece o maior engodo que nos aplicamos através dos tempos. sempre amanhã. e, ao acordarmos, o amanhã sumiu, passou pra frente, ele é hoje e hoje não tem nada a ver com o amanhã.

assim vamos, dia após dia, ano após ano, na expectativa do amanhã. expectativa que se esvai como areia fina entre os dedos no espaço de 24 horas, transformando-se em hoje. essa ilusão a que nos propomos, nem chamada de ilusão pode. é um nada, um vazio da alma que insiste em não perceber. devíamos antes, dar muito mais valor à enorme quantidade de ontens que temos guardados. o ontem sim, é um momento bacana. não importa se proveitoso ou não, mas ele está ali, firme, pleno: é um ontem e ninguém altera seu significado.

agora... amanhã.... francamente. dá até uma certa agonia esse mentir diário aos outros e, principalmente, a nós mesmos. mais: o amanhã não existe na prática, porque um dia o amanhã será a morte onde, aí sim perderemos tudo, inclusive nossa imensa coleção de ontens. esperar pelo amanhã é o exercício último, desesperado de brincar de roleta russa. doença infantil como o sarampo no adulto ou o sonho impossível, sonho sonhado em vigília, daqueles que sonhamos já certos de que, por impossíveis, não acontecerão.

sexta-feira, 16 de março de 2007

nesse exato momento não sei o que é melhor fazer: me drogar com álcool ou com diazepan. esse último me parece melhor, mais limpo. de qualquer maneira ontem à noite eu não ingeri uma gota de álcool e, no entanto, passei a noite inteira suando e o dia também. acho que o suor em excesso deve ser sintoma de alguma doença.

de qualquer maneira minha casa é um lugar sujo e fétido. eu precisaria trocar lençois diariamente e não semanalmente ou quinzenalmente como faço. como ninguém vai lá, ninguém fica sabendo, apenas imaginando, mesmo assim quem? três gatos pingados que percam seus precioso tempinho lendo essas bobajadas aqui que lanço como os náufragos lançam garrafas ao mar?
minha ida na psiquiatra amanhã seria perfeitamente dispensável se não estivessem ocorrendo sintomas novos. não me parece exatamente uma coisa psicológia, mais neurológica, mas vou tentar resolver com ela mesmo. porque não é isso. eu acho que à partir dos cinqüenta anos é disparada um degenerescência mental que pode ser em pequena ou grande escala.

imagino que o meu cérebro seja seriamente lesado pela forte carga de medicamentos que atuam no córtex cerebral que fiz uso por toda a minha vida, além do consumo exacerbado de alcool e algumas drogas ilícitas. não sei quantas doenças poderão vir por conta dessa história, mas sempre imagino que sejam as piores, aleijantes na maioria.

hoje estou sentindo vários sintomar de crise do pânico, mjuito provavelmente porque suspendi o uso de antidepressivos. verdade que não me sinto deprimido, mas esse medicamento atua diretamente sobre as crises do pânico, ou seja, vou ter que voltar a tomá-los.

eu parei numa tentativa desesperada de recuperar uma certa sexualidade que esse tipo de medicamento atrapalha, detona de vez... o que eu queria era minimizar todas os problemas que tivessem origem em fontes exogénas e indentificáveis. Mas aí o sacrifício é demasiado. Não adianta readquirir uma certa sexualidade que pode inclusive estar prejudicada mais psicológicamente do que medicamentosamente e ter crises de pânico sucessivas, o que me paralisa ainda mais. Sinto.
(tirado do 'cadernos de paciente')
lendo o debate interno e solitário em que se enreda o sr. B., de paul auter, sou levado a tentar entender o que me aconteceu hoje, acordado desde as sete e meia da manhã e ainda agora, 16,30 h. preso em casa, sem ter tomado banho nem ido almoçar nem trabalhar. aconteceu alguma coisa além do sonho estranho que me fez dormitar por todo esse tempo, um sono que não se completou, apenas que me jogou na cama eventualmente, que desorganizou o meu dia.

tento ver pelo lado bom, como aquela fugida que a gente dá saudavelmente, a gazeta num dia de trabalho normal, sonho recôndito de qualquer pessoa normal, mas não é só isso, tem alguma coisa a mais, incrustrada ali, ao mesmo tempo escondida sob uma máscara, um disfarce que não permite uma avaliação clara do que ocorre.

venho até o computador na esperança de encontrar alguém que tenha entrado na rede também fora do horário como que a me mostrar que não sou o único, que isso é normal, mas não, não encontro ninguém. depois penso nas pessoas do meu trabalho, o que houve com elas que não me procuraram? como num acordo tácito em que resolveram me permitir esse dia, sem me incomodar.

tudo muito normal, mas muito estranho... por que? por que tudo isso?
se eu tivesse usado o tempo para desenvolver um outro trabalho ou para me distrair com uma leitura atrasada ou ainda se tivesse ficado despreocupado vendo uma televisão como a criança que cabula a aula.... mas nada. não fiz nada. nem sequer posso dizer que coloquei 'o sono em dia'. não. dormitei um pouquinho, acordando à cada dez minutos, olhando a hora, perguntando-me se não iria sair, o que estava pretendendo... pensamentos que não chegaram a uma resposta, que não tiveram eco em nenhuma parte dos meus compartimentos...

não me sinto nem descansado, nem feliz, nem à vontade com o meu dia. foi como um nada absoluto, um espasmo no tempo, criando uma bolha, uma espécie de falha no sistema, que nada acrescenta nem se justifica. nem mesmo um deja vú. nada.

quinta-feira, 15 de março de 2007

tava lembrando ainda há pouco da minha história com M. foi mais uma dessas histórias que vão rolando na vida da gente. a gente se conheceu na internet. ela era no interior de são paulo, mas já morava no rio. tinha acabado de comprar um apartamento na flamengo com uma vista maravilhosa.

saímos algumas vezes, tomávamos muita cerveja (que ela adora até hoje) e algumas vezes ficamos na varanda do seu apartamento apreciando a baía de guanabara e o cristo iluminado. é uma vista muito bonita mesmo. M. ficasva exultante em ver, acha o rio o lugar mais maravilhoso do mundo e tinha medo de perder o emprego aqui e ter que voltar para o interior de são paulo.

hoje em dia, depois de formada e cursos suplementares ela fez concurso para o estado e passou em primeiro lugar. ela exultou em saber que poderia morar no rio para sempre. ela era casada com um médico em uma cidadezinha e começou a freqüentar muito a internet, criando em pouco tempo uma rede considerável de amigos virtuais.

adora a virtualidade. gosta muito de sair também para tomar cerveja ou tomar essa cerveja em casa, em frente ao computador. estivemos um tempo relativamente juntos, dentro das nossas limitações de tempo, horários... tudo em função dos nossos trabalhos. dormi algumas vezes com ela.

depois passou. uma série de coisas que realmente eu não me lembro, foram nos afastando. eu ficava ali olhando, conversando com ela e me perguntando como podíamos ter estado tão próximos e agora tão distantes. o que faz as pessoas, de repente, se afasrem? acontece alguma coisa. o que eu não tenho certeza é se devemos nos afastar quando as coisas diminuem. porque a vida é como um pulmão, um coração... estamos pulsando, expandindo e retraindo.

acredito sinceramente que os casais mais antigos em que mantinham suas relações estáveis, apesar de um desejo menor, apesar de, eventualmente, traírem um ao outro, ainda assim sentíam-se, por dentro e nas suas vidas, mais equilibrados. não tenho certeza nenhuma se acho realmente isso, ou melhor, se isso é válido.

paramos de nos ver há muitos anos embora conversemos regularmente pelo msn.
a ana aconteceu ainda bem antes. na internet também. ela é física, estava terminando o mestrado. vivia num laboratório às voltas com experiências de uma certa ativação, por velocidade, de átomos ou sei lá eu o quê.

na verdade nunca tivemos nada a ver com o outro. era mesmo para passar o tempo. depois ela precisou fazer doutorado e foi em frente. fazia pesquisas também via cnpq. acho que ela era/é bastante desequilibrada mental. vive um mundo todo próprio, exato, e se irritava muito quando eu a provocava dizendo que era um absurdo ela, uma cientista, freqüentar a igreja católica.

há uns meses ela me escrever, que estava no reino unido terminando o pós-doutorado. o que faz um pós doutor em física? não consigo imaginar. de qualquer forma, sempre achei ela ignorante. ela não sabe ler nem escrever. seu mundo é o das equações matemáticas, quânticas. e consegue conviver com todo esse universo das exatas e ser uma católica praticante (o que para mim, é inconcebível). nunca mais a vi.

e assim vai. hoje em dia continuo na internet, mas pouco a pouco me interesso menos pelos sites de relacionamentos. trato apenas dos blogs porque concluo que através deles podemos agregar ao nosso redor pessoas mais interessadas no debate de idéias e não o velho pensamento de fazer da internet um passaporte para um nomoro regular. não sei...

terça-feira, 13 de março de 2007

tem horas que dá uma vontade enorme de beber infindamente... como dissemos eu e o geraldinho carneiro, em lola moreno "esse meu mundo... esse oceano de cachaça...."
fico insistindo em procurar drogas mais limpas do que o álcool, sintéticas, mas não tem.
uma conhecida me falou disso exatamente pelo msn: a sua busca de drogas potentes, mas sintéticas. ela tem gostado muito do extasy, mas acaba tendo que tomar cachaça junto.

essa amiga é bipolar e resolveu abandonar os remédios e a psiquiatra. depois de um tempo, me disse, percebeu que o custo-benefício era ínfimo. porque essas drogas lícitas que os psiquiatras receitam não amenizam totalmente o espírito atormentado de quem procura ajuda. provocam alguma sedação, é verdade, mas têm efeitos colaterais barra pesada, destroem a memória por exemplo.

verdade que minha outra amiga que bebe todo dia e fuma maconha sem parar também tem a memória detonada, mas é diferente. nas palavras dela, pelo menos ela se diverte... fico tentando me lembrar... acho que foi no filme 'laranja mecânica' que os jovens marginais de um futuro não muito distante drogavam-se com alguma substância que era colocada no leite. então, cada vez que iam sair para as suas maldades (tolinhos! na época era dar rasteira em velhas, surras em mendigos) os amigos tomavam copos e mais copos de leite.

o silêncio dos inocentes

a direção ignorou minha proposta para o documentário sobre baudrillard. primeiro disse que não tinha entendido, depois ignorou. acho bom mesmo que ignorem porque assim me rende uma história (e o documentário, se eu não morrer, posso fazer depois). é que sempre, em outras gestões, existiu o espaço para alguns criadores da casa produzirem seus documentários, sempre exibidos em horário nobre às sextas feiras. chamávamos de sexta independente, ou sexta especial. parece que esse nome fantasia ainda está na grade de programação, mas o que se vê são apenas enlatados, ainda que se chame de enlatado um produção medíocre do nordeste por exemplo, seguindo a eterna lenga lenga de dar voz ao menos favorecido, ao excluído, etc. - que na verdade, traduz-se simplesmente assim: dar mídia aos que não sabem fazer.

mas essa história é apenas a minha historinha, jeka mesmo se comparada ao todo. lula/chavez/morales trouxe ao governo o retrocesso absoluto da área cultural e de segurança. converso com gente minha conhecida e a história é sempre a mesma. em todos os órgão federais acontece a mesma coisa: um aparelhamento de estado, uma coisa totalitária que censura com a demissão e perseguição a quem quer que se manifeste contrariamente - e o grave é que isso é sempre com o aval dos intelectuais e acadêmicos que silenciam ou ficam com suas teses menores sobre uma certa necessidade de um trabalho feito a longo prazo. Ora bolas! Aliás, é ótimo o artigo do jabour hoje no globo.

lula/chavez implantou uma ditadura (sistema) maior do que a de goebbels porque jogou a população nas trevas não por uma censura direta, de lápis vermelho. fez pior, trouxe para si a inteligência e a academia que, sabidamente, deveriam ser a voz do povo. porque em qualquer lugar do mundo, qualquer um mesmo, sem exceção!, os intelectuais dão voz ao povo, não é verdade? com esses mesmos intelectuais trancados num sistema auto-ilusório, a sociedade pára de pensar e nas universidades abundam doutores com suas teses rocambolescas, lidos por seus pares, outra meia dúzia de párias que, quando instados a proferir uma sentença em público, vêm sempre com o discurso de que o país está andando e que o processo de educação do povo (fundamental) é lento assim mesmo. não falam em matar bandidos, falam em melhorar ar bases.

essa balela vai levar, no mínimo oito anos (porque o lula ainda vai tentar dar o golpe do terceiro mandato ou de fazer um sucessor trotskysta). então ficam falando na longa noite que se abateu no brasil com a ditadura militar. um estudo raso da história mostra exatamente o contrário: havia uma ditadura de lápis vermelho com o uso da prisão e da tortura (calma! capítulo à parte), mas nunca o país fervilhou tanto culturalmente... aliás, os grandes movimentos culturais contemporâneos aconteceram exatamente durante o governo militar. Ou não?

enfim, é um debate que não tenho erudição bastante para levar adiante, restando-me apenas escrever por aqui, dessa forma prosaica, pobre e carente de títulos. falo aqui para cinquenta pessoas lerem, ou seja: nada.
e o deprimente é que o jabour, por exemplo, tem mídia, escreve para milhões, mas como é uma voz solitária, seu discurso perde-se no vazio do stanilismo vigente. como exemplifica muito bem o jabour (para não alongar isso aqui), o nazismo era muito mais coerente, organizado e diligente ao colocar em prática o seu ideário (que não está em julgamento absolutamente aqui, falo de coerência!).
bom, na reunião de ontem ele me vem com a idéia de fazer um programa sobre cinema. ai, meu deus, lá vem essas idéias! mas como falar em cinema em apenas uma hora? quais os critérios? não tinha. disse que eu tenho mania de querer fazer um tratado e não um simples programa (começou essa história porque eu venho adiando a pauta Anos 60 há quase um ano).

Como eu tenho dificuldade em falar, principalmente em defender idéias que me parecem óbvias, minha produtora entrou em ação traduzindo o meu semblante e mostrando que um tema tão longo, tão cheio de meandros, tão complexo não pode ser apresentado assim, vapt-vupt... aí fica aquela coisa de que eu tô vetando, complicando e mais não sei o quê.

mas eu sempre sou salvo pelo gomgo! minha estagiária entrou na sala pra me dizer que o estúdio já estava preparado, que estavam apenas me aguardando. foi a senha redentora pra eu cair fora da reunião.
quando eu cheguei no estúdio, identifiquei de cara os problemas de iluminação, controle de vídeo e iluminação errada. soltei a língua na menina que não tinha visto essas coisas. ela sorri docemente para mim, dentro de toda a sua inocência e despreparo ainda. ok., ela não tem culpa: boto então a equipe pra trabalhar.

segunda-feira, 12 de março de 2007

explicar as coisas

como sempre, mais de um rolo ao mesmo tempo pra resolver. a direção da empresa quis saber detalhes do tal documentário sobre baudrillard.... ora, eu não vou explicar porra nenhuma, eu ODEIO explicar coisas para as pessoas... para uma empresa, etão! rs... tô fora. mas como tem essa coisa do social, incumbi minha fiel escudeira, minha querida produtora para inventar uma desculpa qualquer (tipo: ele está doente, coitado, não vai poder fazer....) não sei o que ela inventou, mas deu certo, largaram do meu pé.

daí me chega o tárik de souza afobado, suado, cheio de papéis. diz que precisa me dar uma palavrinha. não mesmo. falo pra carol inventar e dizer a ele que estou com diarréia, que ele pode falar com ela, que será retransmitido a mim. não vejo plausivibilidade nessa história (a menos que ela estivesse na privada comigo), mas funciona. ela vem me contar o que ele quer, mas eu digo pra ela contar para outro. gravo, com enfado, os quadros do tárik.

peço que mandem correspondência para a larissa, falando dos problemas (de tudo o que eu não gostei na sexta feira) e do que ela deve mudar, bem como ao que ela deve se adaptar. parece que mandaram. de toda forma vou telefonar para ela em são paulo amanhã, quero que ela ouça de viva voz. porque assim... larissa é a criatura (e como tal tem que se comportar e auto-convencer). não adianta eu escrever, tenho que falar mesmo com ela....conto depois.

hoje da manhã uma velha amiga (como já relatei) me ligou em desespero. o desespero (logo eu que me desespero tanto!) é péssimo conselheiro: ela acreditou que helena era helena, mãe do joão e não que h. era B. mais: entendeu que o que eu escrevo é o que é, qundo não é absolutamente. o que eu escrevo é outra história... por exemplo, nesse instante me falam que eu falo mal da academia por causa de uma acadêmica, anos-luz da verdade porque eu gosto de mexer com a academia (talvez por frustração de não ser acadêmico!)

enfim, tudo isso é uma barafunda total. uma loucura sem pé nem cabeça... tava agora encostado num balcão de um pé sujo e contei tudo mais ou menos pra lilian.... acho que ela entendeu ou é a pessoa mais próxima de entender, não sei. não tenho certeza do que é melhor. acho que todo mundo faz fita pra encarar, ali, de cara, de frente. o máximo que escuto é as pessoas me dizerem que se não deu comigo tudo bem, continuarão a procurar em outros... ou seja, eu era uma estação de metrô que, perdida, pode-se saltar na próxima. por isso e por outras, tiro o meu trem da linha....



sobre um guardanapo

venho um pouquinho pra cá porque um guardanapo me parece um pouco mais descartável. Talvez não seja isso porque guardo todos os guardanapos rabiscados. Talvez esteja apenas variando de espaço. Talvez a idéia megalômica de que poderei abastecer três espaços. Talvez a loucura total ou ainda talvez, nenhuma das opções. O que me agrada é que esse espaço seja público.

Durante muitos anos escrevi prioritariamente no Sobretudo de Lona e as confusões que surgiram naquela época (e não foram poucas), aconteceram porque as pessoas discordavam de algumas opiniões que eu colocava ali. Isso gerava discussão, em aguns casos, briga mesmo. Depois de cada um dizer o que bem entendia, nos dividíamos educadamente, cada um voltando-se para seus espaços e excluindo, se fosse o caso, nossos desafetos.

o resultado nesses anos todos foi muito proveitoso, fiz muito mais amigos do que inimigos, tive a oportunidade de conhecer muita gente bacana, de aprender muito com essas pessoas. porque não adianta nada escrever aqui se não estamos abertos para aprender. escrever não é nada mais do que lançar um idéia e se preparar para ouvir idéias diferentes. em muitos casos, reformulei minhas opiniões.

por questões operacionais do próprio provedor, deixei temporariamente o Sobretudo de Lona e passei a publicar no análogo CONFISSÕES DO SOBRETUDO. nada de mais. eu sou o mesmo, mudou apenas o título fantasia e o endereço de URL. mas parece que alguma coisa a mais mudou. não sei bem explicar, mas comecei a receber um número infinitamente maior de correspondência no e.mail e por outros modos de correspondência.

surgiram amigos novos e até meu querido olavo mandou uma carta carinhosa. entretanto, a percepção do que escrevo mudou. mudou de eixo. compreender o que estava escrito ficou mais difícil e as reações contrárias passaram a vir de forma virulenta.
evidentemente que eu estou pouco ligando pra quem não entende e não consegue discutir. durante toda a minha vida discuti idéias e vou continuar assim.

esses novos leitores ignoraram o espaço para comentários e preferiram todos usar o e.mail ou mecanismos de conversação mais rápidos. tudo bem, pra mim tanto faz. o que me interessa é poder continuar falando essas coisinhas que tenho vontade de dizer e que as novas tecnologias permitem que sejam publicadas. e um guardanapo, é bom não esquecer, pode sempre ser jogado na lixeira.

sexo

é curiosa a história de h. com o B. o próprio apelido me parece borrado, fora de esquadro. mas não é isso o que vale. imagino que o ponto central das relações é sempre o envolvimento sexual. esse envolvimento marca à ferro e fogo as duas pessoas que foram para a cama, seja novecentas ou uma única vez. tendo sido excelente ou péssima essa fusão de corpos.

acontece com todo mundo: depois que vai para a cama, muda a história. existem os relacionamentos assim: antes e depois de fazerem sexo. e eu sou assim, helena é assim, o mendigo ali da esquina é assim. a relação sexual pontua, sublinha, marca a pessoa de forma a não voltar a ter a mesma percepção de antes do sexo.

o sexo, ainda que praticado uma vez apenas e há trinta anos atrás é sempre a referência quando se pensa em determinada pessoa (seja ela amiga, inimiga ou indiferente). é impossível falar de uma determinada pessoa com quem fomos para cama sem pensar, lembrar do ato. pode ser um pensamento rápido, fugidio, nublado, mas ele está lá, marcado.

sabemos exatamente com quantas pessoas fomos para a cama e o que aconteceu lá, com detalhes, dezenas de anos depois. ou seja: o sexo é tudo. e, por ser tudo, é um divisor nas nossas vidas, é motivo para alegrias e tristezas profundas, para júbilo, para análise, para dedicar obras de arte ou teses.

estar à margem dessa vida que leva em consideração o sexo, é estar seriamente doente porque está provado que o sexo é, antes de tudo saudável. ele está presente em toda a história da humanidade que, por sinal, existe por causa dele. uma pessoa não praticar o sexo ainda que de forma acanhada e com intervalos longos entre uma ação e outra, revela uma profunda incapacidade física, aleijante e um curto circuito psicológico que pode levar ao extremo do suicídio.

um pensamento barato, costurado de forma primária nesse guardanapo para lembrar de incluí-lo nos temas do dia a dia, inclusive nos relacionamentos on line. nesses, o sexo não está presente no início do relacionamente, mas está incluso, é a fantasia do amanhã. ninguém acessa a internet sem ter um motivo, uma pulsão sexual.

claro que a masturbação não deixa de ser um movimento sexual, bastante para muitos (na verdade muito poucos) , mas ineficiente para 99,9% das pessoas (ou 100%). a fuga do sexo não é apenas uma manifestação doentia: é, antes de tudo, a negação da vida, a impossibilidade do ser, a doença infantil do niilismo, o suicídio verdadeiro do eu.
deixo aqui anotado um negócio pra trabalhar depois.
trata-se da questão do baudrillard que propus, a criação de um documentário, etc. a primeira resposta que tive foi um e.mail dizendo: ' ... não entendi....'
reformulei a proposta e, dessa vez não veio resposta nenhuma. ok. no fundo até me arrependo um pouco de ter feito essa proposta. eu deveria estar drogado na hora.

outra coisa aconteceu agora quando uma amiga de quase 30 anos me aparece, puta da vida, dizendo que não vai mais aparecer no meu msn porque eu disse que vou desinstalar o programa para me livrar dos chatos. não entendeu nada. nem mesmo o significado da palavra desinstalar que não é a mesma coisa que de fato, desisntalar o programa. como explicar? não tenho como.
depois da internet, já perdi alguns amigos verdadeiros por causa de interpretações equivocadas... vá lá entender....

sei que essa semana vai ser muito apática. acho que eu deveria ter aproveitado o finde com ela ao invés de me amargurar, mas é bobagem, são as desculpas que invento para mim. semana que vem, com certeza, farei de novo com uma nova teoria sobre. de uma forma ou de outra, ela vai embora porque ninguém veio ao mundo pra bater palmas pra maluco dançar.

é preciso rascunhar ainda como será a coreografia da minha morte, como vai rolar todo o espetáculo no hospital, minhas cartas para a médica portuguesa minha amiga, a tristeza de estar sozinho no CTI por ter afastado todos de mim enquanto era tempo, a expectativa da morfina (que eles sempre são reducionistas em aplicar doses moderadas)...

domingo, 11 de março de 2007

Preto Jóia é o autor de Liberdade, liberdade! abre as asas sobre nós. Como uma pessoa pode ser chamada de Preto Jóia? como um preto poder ser jóia? negro é uma coisa e nem toco nesse assunt pra não me prenderem, mas preto.... preto é feio, pobre, triste. E Jóia? jóia é a pior coisa que se pode falar de alguém. O que me espanta é que o negro favelado deve adorar ser chamado de Preto Jóia o que faz dele exatamente o que o apelido diz.
pra mim é impossível varbalizar uma coisa e não ser compreendido... parece que as pessoas precisam de complementos às suas frases, como se elas, por si só, não valessem à pena, como se fossem inúteis no seu mais preceito: o de serem frases.

diante dessa loucura dominante eu desisto, me calo mais ainda, desisto de me comunicar com o pretensamenete humano, desisto. tchau. adeus. vão ser ignorantes assim na puta que os pariu!
G. mora com um homem que cumpre todas as suas necessidades. ela precisa de um homem na cama ao seu lado, precisa do apoio sexual-emocional que ele proporciona, embora ela não seja plena. mas ela não será plena nem com aquele homem nem com dez ao mesmo tempo ou um de cada vez. não é ´lena porque não é plena e nunca será. entretanto, só a mim, via mecanismos de conversação, ela confessa sua inquietude, seu interior desesperado. e o que eu sou? nada. uma holograma.... uma ponta do universo virtual, um endereço que não existe, uma pessoa que diz apenas o que racionaliza.

quem conversa conosco e responde aos nossos anseios mais primários é um desconhecido que pode estar à beira da morte por um câncer terminal ou um pilantra que não tem mais o que fazer. não importa. são as letrinhas que vão aparecendo no monitor, as frases que acalentam nosso espírito em borrasca. não escapamos da sociedade em rede por mais amigos que tenhamos, por mais que procuremos nas sessões de cinema a distração barata, por mais que nos afundemos na literatura árdua, por mais que nos masturbemos no silêncio na banheira.
no guardanapo do bar listei todas as coisas da L.:
como ela era, como eu a estava percebendo... e fiquei triste por ela ter que beijar na boca uma pessoa que eu imagino que ela não quisesse de verdade. aposto que ela queria beijar a minha boca, mas como eu sou impossível e ela precisava beijar uma boca, beijou então aquela.
mas eu não tenho pena porque as pessoas são muito fracas nessa história. fico imaginando que se eu quisesse beijar uma boca e não a possuísse, não beijaria boca nenhuma (como, de resto, não o faço). as pessoas não... beijam qualquer boca porque o importante é a vontade de beijar e não a de escolher a boca.

as conversas na internet podem ser alternativas porque, embora elas possam remeter para a vontade de beijar a boca, não o fazem, no máximo digitam essa vontade. o beijo na boca digitado nos mecanismos de conversa têm o mérito de expressar vontades sem colocar a nossa boca fisicamente em outra o que pode acabar, como o exemplo acima, em beijar bocas por beijar e não por ser a boca.
fico pensando que talvez eu devesse ser a boca possível, a boca que redimisse todas as bocas que sentem vontade de beijar, como um asceta que dedica sua vidaa dar aos que necessitam, mas para isso seria necessário uma dose enorme de capacidade de dar-se que, evidentemente, não possuo.

L. beijou aquela boca porque perdeu as amarras, porque se embriagou permitindo que viesse à tona o instindo básico, primevo, animal. quando a embriaguês alcóolica passar talvez ela não se arrependa numa tentativa, agora consciente, de negar tudo o que realmente é nessa vida. imagino que precisamos nos desculpar pelo que pensamos e não fazemos e pelo que fazemos sem pensar.

salvo o infarte salvador, a noite é predecessora do dia que irá sempre rair, impondo com a sua claridade a possibilidade de auto-análise do que fizemos e a única chance de redenção é fingir que assumimos o não assumido, como que a perdoar não exatamente o feito, mas perdoar o pensamento e a necessidade atávica de fazer o que não era para ser feito. isso se aplica a um beijo na boca, a um assassinato ou à assinatura de um contrato aparentemente favorável a nós.
sinto fome e não tenho nada para comer e estou incapacitado de sair para ir até a padaria da esquina. o jornal não traz nada de interessantes. os livros, herméticos, continuam fechados, tomo coca cola com diazepan para me redimir e ganhar tempo.

olho o msn vazio e dou uma risada aqui dentro porque um msn vazio não representa nada, apenas a conclusão óbvia, ainda que demorada, de que cada um desses ícones apagados descobriu tardiamente que eu não valia à pena. Ora, mas eu disse! claro que a internet possui outros sítios de pessoas desavisadas, locais esses que me proibi frequentar para impedir mais pessoas acreditando no ilusionista de esquina.
Sei que estou machucando profundamente Helena. Não é isso o que desejo, mas a verdade é que coisa está totalmente nas minhas mãos e não estou fazendo nada para impedir esse sofrimento. Tenho que abrir um parêntesis aqui para quem não conhece os outros blogs: Helena não é uma pessoa qualquer, trata-se de uma pessoa que eu sinto amor e que elegi como a última a ser tentada). Achei que poderia conseguir e aqui divido a culpa com a psiquiatra por ter achado também, não me alertando sobre mim mesmo.

A psiquiatra (todas, na verdade) acha que eu deveria me inserir novamente no mundo, ter os relacionamentos como todos têm e fazer o que todos fazem. Isso é um absurdo porque, não sendo verdadeiro, deve ter lá suas beiradas no anormal, no doentio. E, sendo assim, não se pode fazer exeperiências com pessoas outras unicamente para ver se existe cura por aqui. Não. Ou bem, encontra-se a solução medicamentosa (ou milafreira, que seja), ou afasta-se o paciente do convívio social para que ele não represente um desequilíbrio ao grupo, e muito especialmente a ninguém em particular.

Diante desse fracasso óbvio da psiquiatria (porque não se trata de diagnóstico de um profissional e sim regra entre todos), faço então a minha parte: abandono esse tipo de tratamento, desconsiderando qualquer opinião ou movimento desses profissionais, valendo-me deles apenas para buscar receituário de remédios controlados. No mais, quanto ao uso desses medicamentos, sei bem como funcionam, já fiz de meu corpo cobáia, ao invés dos ratos, campo para experiências.

Na próxima semana estarei com uma profissional de saúde mental quando falarei francamente as conclusões a que cheguei deixando para ela a decisão final de continuar ou não comigo seguindo a minha orientação. Se ela não concordar, não me importarei. Vou buscar um outro profissional e, desde o início tratarei de agir como bem entendo, sem dizer a ele a verdade, que será apenas um mero escrevnhados de receituários.

Por que?

Como está na descrição ao lado, esse espaço nasceu em meio à balbúrdia do samba, quando eu me percebi distante de toda aquela coisa e queria apenas fazer anotações, descrever o que eu estava vivenciando e sentindo, bem como a decisão de abandonar de vez um certo servilhismo ao Dr. Freud.